Não é fácil determinar como nasceu Cadima, pois há falta de documentos que comprovem as conjecturas sobre o passado. Sabe-se, porém, que foi povoada por romanos, senão antes, por outros povos. Segundo a tradição, e há alguns vestígios disso, o local do Pelício foi , outora, uma cidade Romana, arrasada pelos árabes, provavelmente no século VIII.
Plínio, o Moço, historiador romano, na sua Crónica das Hespanhas, refere-se a umas nascentes com prodígios especiais localizadas no campo “Catinense”, que quadra com a famosa fonte dos Olhos de Fervença, em Cadima, nome actual que seria a Catina dos romanos. Segundo eruditos, os árabes chamaram-lhe Qadimu, com o significado de coisa antiga.
Também a “Lenda de Cadima”, nos dá uma origem fantástica de “Cadima”, uma bela donzela, de origem desconhecida, que ao chegar aqui, encontrou, num jovem nativo, o grande amor da sua vida. Porém, seu pai, cuja vida era dominada por satanás, ordenou que partissem para outra terra. Exausta de tanta maldade, ela resiste e chora amargamente a sua dor.
É no auge do seu pranto, que a terra se abre e ela desaparece. No mesmo instante, nascem duas abundantes fontes, que a tradição chamou Olhos de Cadima. As referidas nascentes, hoje, conhecidas por Olhos de Fervença, fornecem água a todas as 18 freguesias do concelho de Cantanhede, e outras povoações de concelhos vizinhos.
Após a expulsão dos árabes do castelo de Montemor-o-Velho, no ano de 1040, pelo rei de Leão, Fernando Magno, foi instituído, o Condado Conimbricense, no ano de 1064.
Pacificada esta região, apesar da proximidade do inimigo, foi mandada povoar por D. Sisnando, natural de Tentúgal e primeiro governador deste Condado. Terá sido a partir desta altura, que teve início a formação da paróquia, com a designação de “Cadima”, cuja primeira Igreja foi sagrada no ano de 1181, reinado de D. Afonso Henriques, o qual lhe terá concedido carta de foral, renovada por D Manuel I em 1514.
Foi o local da igreja, escolhido no meio do triângulo formado pelos lugares de Cadima, Guímera e Aljuriça, talvez os únicos existentes da época. Terá sido ainda D. Afonso Henriques, quem doou vastas áreas desta região.
Foram os frades crúzios que, durante cerca de seiscentos anos, exploraram a agricultura em regime de aforamento. Com o fim de receber as rendas e encaminhá-las para Coimbra, criaram filiais na Fonte Quente, da actual freguesia da Tocha e na Quintã, onde construíram a capela de Santo Amaro. Quintã e Tocha formavam, assim, uma Freguesia isenta, por ser couto do referido Mosteiro. A Igreja de Cadima pertencia à coroa e era padroado da Universidade de Coimbra, que nomeava o pároco.
No século XVIII, Cadima era Vila e Concelho, com administração autónoma e juiz ordinário. A poente, confinava com o mar, abrangendo toda a área, que hoje faz parte da freguesia da Tocha, e integrava-se no termo de Montemor-o-Velho.
Extinto o Couto do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, por carta de lei, de 31 de Dezembro de 1853, Quintã perdeu o estatuto de freguesia/paróquia e passou a pertencer à freguesia de Cadima que, pela mesma carta, perdera o estatuto de Concelho. Deste modo, desprovida das categorias de Vila e de Concelho, Cadima perdeu as freguesias de Arazede e Liceia, que passaram a pertencer a Montemor, e foi anexada a Cantanhede, como Freguesia.
A paróquia da Tocha, por seu lado, só seria constituída Freguesia civil, em 15 de Outubro de 1910.
Por decisão da Assembleia da República, de 12 de Julho de 1986, é a área da freguesia de Cadima novamente reduzida a metade, com a criação da Freguesia civil de Sanguinheira, a qual era já paróquia, desde 1948.
IGREJA PAROQUIAL
A Igreja Matriz é um amplo templo construído no século XVIII, cuja frontaria do corpo principal é ladeada por duas altas torres, que lhe dão imponência e uma característica singular no concelho de Cantanhede.
O retábulo do altar-mor, da mesma época, é de madeira, lavrada de rica talha dourada e policromada, de ornato concheado, com largo camarim e quatro colunas.
Nas paredes laterais da capela-mor, vêem-se quatro baixos relevos do século XVII, atribuídos a João de Ruão, representando o nascimento de São João Baptista, a adoração dos Magos, a anunciação a Nossa Senhora e a adoração dos pastores.
Nas paredes laterais do corpo principal, rasgam-se duas capelas fronteiras, do século XVII, de arco e pilastras repartidas de pequenas almofadas. Um rótulo de cada lado dos arcos esclarece as respectivas fundações.
No outro, uma volumosa escultura de Cristo crucificado, também do século XVII, ladeado de frescos, que representam o bom e o mau ladrão. Nas paredes ao centro do corpo lateral, confrontam-se dois púlpitos fronteiriços de balaustradas, cujo acesso se processa pelo interior das paredes.
DANÇAS E CANTARES
Fazem parte da memória dos mais velhos, os serões bem passados com danças populares e modas da região gandaresa, recuperadas de finais do século XIX e princípios do XX. Estas caracterizam-se por serem, na maioria, danças de roda, em que os rapazes e raparigas dançam de mãos dadas. O acompanhamento de vozes em coro, é elemento comum em todas elas.
As letras das canções, sem autor conhecido, são igualmente populares e reportam-se à mesma época das danças. Há porém outras modas, as “danças mandadas”, com coreografias interessantíssimas, bailadas à voz do mandador, que também participa na roda. Estas são acompanhadas por vozes a solo de uma mulher e de um homem, alternadamente, que cantavam ao desafio e de improviso.
Importa ainda referir as “danças palacianas”, que se reportam à época clássica (séculos XVIII/XIX), que se efetuavam nos palácios e casas senhoriais, protagonizada pela fidalguia ociosa, que os serviçais copiaram, trazendo-as para o povo. São danças importadas da Europa Central, caracterizadas por não serem acompanhadas de vozes.
A mocidade aproveitava, preferencialmente, o final de certas tarefas agrícolas, realizadas em grupo, em que o senhorio da casa dava o jantar final “a adiafa”, para apresentar os seus dotes artísticos. Aos domingos, era nos terreiros das aldeias, que os jovens se juntavam, para se divertirem sob o olhar atento das mães.
Actualmente, estas danças exibem-se, exclusivamente, nos festivais folclóricos, pelo engenho dos Grupos de Folclore que, em regime de permuta, as partilham com outros grupos congéneres.
TRAJES CARACTERÍSTICOS
De acordo com documentos antigos desta região, recuperaram-se os trajes de romaria e de passeio, das mulheres gandaresas com algumas posses, de finais do século XIX, em que o ouro era o ornamento dominante. São também dignos de menção os trajes dos noivos, não esquecendo o da senhora fina, que usava uniforme específico; o da viúva; os trajes próprios para os actos de culto; e os trajes de trabalho da mulher gandaresa, mais ou menos garridos, consoante a profissão que se executava.
JOGOS E BRINQUEDOS TRADICIONAIS
Muitos foram os jogos que se praticaram entre crianças, adultos, ou idosos, no entanto, hoje, são poucos aqueles que ainda se praticam, dada a conjectura da sociedade actual.
Assim, entre crianças e adolescentes, enquanto que os meninos praticavam os jogos do pião, da bandeira, da guerra no ar, do bicho ou do botão, da bijota ou do berlinde, da bela moira ou do carneiro, do prego ou da cavilha e das muletas; as meninas preferiam o jogo das tétalas ou das pedrinhas.
Eram comuns aos dois sexos, os jogos de rô rô, da macaca, do aeroplano, da barra ou do arranca nabo, da barca, do comboio, da cabra cega, do melrinho ou melroto, do sarrabicobico e o da tia dá-me lume.
Os adolescentes, mais espigadotes preferiam os jogos de roda pancada ou lencinho, de roda do anel e de roda da cântara velha.
Entre adultos, mais precisamente entre os homens de “barba rija”, praticavam-se os jogos da bola de pau com 9 fitos, da malha de ferro e do chinquilho, da corda ou tracção e do burro com tabuleiro. À mesa, outras eram as preferências, assim, jogavam-se o rapa, o capado ou cerra mosca, os dados, o dominó, as damas e as cartas.
Durante as festas, por outro lado, entretinham-se com as fisgas, as rifas, a roleta ou tômbola, as corridas de sacos, as corridas de burros e o de pau ensebado, entre tantos outros.
No que se refere a brinquedos, antigamente as crianças produziam os seus próprios brinquedos, como o arco ou costelos, para apanhar pássaros, mas, actualmente, as crianças já não sentem essa necessidade.
LENDA DE CADIMA
Conforme relatam velhos pergaminhos, há muitos anos, existia um terreno arenoso coberto de pinheiros que foi povoado por um grupo de homens trabalhadores. Entre esses homens distinguia-se André, um rapaz alto, forte e de franco sorriso.(…) Um dia, algo veio alterar essa paz de espírito. Àquela terra acabava de chegar outro grupo de homens e mulheres, entre eles um velho e uma rapariga. E tudo mudou! (…) A mãe de André quis meter o rapaz a confesso. - Meu filho! (…) Já não sou todo o teu pensamento! - Mãe! Não pense que… - Eu sei, meu filho. Não és só tu que vives a pensar nessa mulher. É estranha!...Quem é ela? Donde veio? (…) E ele continuava, numa divagação: - Estranha e linda! (…) Já reparou nos olhos dela?... Parece que chamam por nós! (…) Tenho de falar com ela! Tenho de saber quem é! E já! (…) Chegou breve ao seu destino. De pé, encostada a um pinheiro, olhos perdidos no horizonte, corpo esbelto coberto por uma túnica, cabelos soltos ao vento, ela ali estava, como se o esperasse já! - Perdoa-me, se venho molestar-te! (…) Tu amedrontas-me! Quem és? Donde vieste? - Sou Cadima e nem sei donde venho! (…) Ando a vaguear com meu pai e com os seus companheiros, de terra em terra. - Queres dizer… que partirás daqui… qualquer dia? (…) - Se tu quiseres… ficarei para sempre na terra onde habitares. - E quão belo é tudo isto! Aqui, tenho experimentado sensações diferentes. Sinto-me outra. - Nada temas, André. Só te quero a ti. Diz uma palavra e ficarei contigo! - Minha doce Cadima! Eu julgo-me no céu! Vem comigo! Quero apresentar-te àquela que me deu o ser e tanto trabalhou para que eu me fizesse um homem, minha Cadima! - Agora não. Meu pai está a chegar. (…) Ouve isto que é necessário que saibas: para poder pertencer-te… terei de desligar-me completamente de meu pai. (…) Entretanto, na planície arenosa, o pai de Cadima aparecia. - Cadima! Vamos partir imediatamente! - Para onde, meu pai? (…) - Vamos trabalhar para outra terra. Cadima olhou em volta com ternura e os seus olhos beijaram em pensamento a bela paisagem. - Prefiro a morte a ser escrava de um senhor demoníaco! Não quero partir! Ficarei nesta terra abençoada! - Abençoada? Esta é terra onde impera a areia e falta a água para dessedentar os homens! – troçou o pai. - Esta terra será fértil e dará de beber aos que tiverem sede! Nesse momento, um enorme trovão se ouviu e a terra tremeu assustadoramente. - Olha, Cadima! O meu senhor está ali! Vem ao teu encontro. (…) A poucos passos, um homem de olhar estranho fitava-a, tentando subjugá-la. Mas Cadima, elevando os olhos ao céu, deixou que as lágrimas corressem livremente pelo seu rosto, e proferiu este pedido: - Se o mal que eu causei aos outros, se os crimes que fui obrigada a cometer puderem ser redimidos pela renúncia à minha felicidade na terra, que eu nunca mais veja André! Nesse mesmo momento, o Demónio correu para ela para a agarrar. A terra abriu-se como por encanto e Cadima desapareceu. E no lugar onde ela estivera, duas fontes brotaram da terra.(…) André caiu de joelhos sobre a terra, chorando e dizendo: - Nunca mais verei os teus olhos? Ouviu-se de novo a voz de Cadima: - Os meus olhos estarão sempre presentes nesta terra onde tu habitas. Eu to prometi! Ficarei aqui contigo. E os meus olhos aí estão transformados nessas fontes que darão de beber aos que tiverem sede! Os tempos passaram. Ainda nos nossos dias, nos campos que hoje pertencem ao lugar de Fervença, na freguesia de Cadima, lá está uma das fontes a que chamam “os olhos de Fervença” e que outrora eram chamados “os olhos de Cadima”.
ARQUEOLOGIA
• Sítios de Interesse Arqueológico, referidos na Carta Arqueológica do Concelho de Cantanhede
Casal de Cadima
1. Achado Isolado
Cronologia: Pré-História Antiga (Paleolítico Médio?)
Lugar: Casal de Cadima; Freguesia: Cadima
Coordenadas: 40º 18' 14'' N/8º 38' 57'' W; Alt=83 m; CMP:218
Acesso: À saída do Casal de Cadima em direcção à Lage, seguindo caminho à esquerda, antes da curva que antecede o lugar de Moreiras. Cerca de 300 metros para Sul.
2. Geomorfologia: Plataforma recortada por cursos de água subsidiários da ribeira da Taboeira.
Substrato rochoso: Calcários margosos de Lemede (f. 19A - 1:50 000).
Hidrologia: Ribeira da Taboeira a cerca de 1 km para NE.
Cobertura vegetal: Zona de vinha e terras de semeadura.
3. Em leira lavrada à esquerda do caminho que segue para sul, recolhemos um núcleo de quartzito com indícios de levantamentos centrípetos. O núcleo, de tendência levallois, apresenta-se bastante erosionado.
4. Museu da Pedra do Município de Cantanhede
5. INÉDITO
Coelheiros
1. Jazida
Cronologia: Pré-História Recente
Lugar: Coelheiros; Freguesia: Cadima
Coordenadas: 40º 19' 46'' N/8º 40' 02'' W; Alt=56m; CMP:218
Acesso: A partir da estrada de Cadima para a Tocha, virar para a povoação de Coelheiros. Já dentro do lugar, virar à direita rumo ao vale.
2. Geomorfologia: Plataforma esquerda de curso de água subsidiário da vala dos Moinhos.
Sustrato rochoso: Areias da Gândara (f. 19A-1:50 000).
Hidrologia: Vala dos Moinhos a cerca de 1 km para Poente.
Cobertura vegetal: Zona florestal (pinhal) e campos de regadio.
3. Em pinhal sobranceiro à zona aluvial, em limite com a área urbana da povoação de Coelheiros, a abertura de uma vala delimitadora da propriedade pós a descoberto significativo material lítico do qual se destacam vários núcleos de lâminas e lamelas, um deles sobre lasca, lascas de quartzito e bastantes dejectos de talhe, tanto em sílex como de quartzito. Recolheram-se ainda um moinho movente polidor, de granito, bem como um polidor sobre seixo. A jazida arqueológica poderá estar preservada nas áreas envolventes e ainda não sujeitas aos trabalhos de abate dos pinhais e preparação das terras para novas culturas.
4. Museu da Pedra do Município de Cantanhede.
Fonte do Casal
1. Fonte
Cronologia: Indeterminada
Lugar: Casal de Cadima; Freguesia: Cadima
Coordenadas: 40º 18' 31'' N/8º 38' 20'' W; Alt=80 m; CMP:218
Acesso: Pelo lugar do Casal, a Nascente, rumo à passagem inferior sobre a linha férrea.
2. Geomorfologia: No lugar do Casal, sobranceira à vala da Taboeira, que lhe corre a Oeste.
Substrato rochoso: Margas e calcários margosos de Vale das Fontes (f.19A-50 000).
Hidrologia: Vala da Taboeira.
Cobertura vegetal: Terras de cultivo em limite urbano.
3. Tratava-se de uma fonte primitivamente efectuada por quatro lajes, formando um quadrado com 1m de lado. A água chegaria à fonte por uma estrutura, também coberta por lajes. Era originalmente, uma fonte de "chafuço", tendo sido alterada pela Câmara Municipal de Cantanhede, que a tornou em chafariz com "bomba de arco". Foi recentemente destruída pelas obras da ponte que atravessa a vala onde se situava. Parte da estrutura pétrea foi recolhida pelo Sr. Manuel dos Santos Júnior. Segundo informações orais esta fonte estaria associada a outras estruturas, "zona da piscina" e a fragmentos de ânforas e contas de colar. As pedras aparelhadas não permitem a determinação de cronologia que possam confirmar a referência a estes achados. Registe-se a proximidade (quatro escassas centenas de metros) com o sítio romano do Pelício, local de onde poderão provir os achados referenciados.
4. Herdeiros de Manuel dos Santos Júnior, do lugar de Casal de Cadima.
5. Cruz 1983: DADOS INÉDITOS; ENDOVÉLICO: CNS 18565.
Fonte do Rodêlo (também conhecida como Fonte dos Rodelos)
1. Fonte
Cronologia: Indeterminada
Lugar: Casal de Cadima; Freguesia: Cadima
Coordenadas: 40º 18' 03'' N/8º 37' 28'' W; Alt=100m; CMP:218
Acesso: Pela estrada municipal que de Lemede dá acesso a Burgos. Aí, cortar para o caminho carreteiro, que vai directo a Rodêlo.
2. Geomorfologia: Vasto aplanamento na base da vertente Sudoeste de S. Gião.
Substrato rochoso: Margas calcárias de S. Gião (f. 19A - 1:50 000)
Hidrologia: Zona agrícola e de vinha.
3. Trata-se de uma fonte primitivamente coberta por lajes, das quais ainda se conserva uma in situ. Esta fonte teria paredes de alvenaria com cerca de 3 m de profundidade e uma escada lajeada pelo lado Norte. Estaria associada a vestígios de época romana, segundo as populações locais. Não conseguimos confirmar esta hipótese. A pouco mais de 500 metros, para Sul, fica o sítio romano do Monte Salgado.
4. Depósito do espólio: desconhecido.
5. INÉDITO; ENDOVÉLICO: CNS 18564
Lagoa Alta
1. Achados Isolados
Cronologia: Indeterminada
Lugar: Cadima; Freguesia: Cadima
Coordenadas: 40º 19' 31'' N/8º 38' 04'' W; Alt=83 m; CMP: 218
Acesso: A partir da povoação de Cadima pela Rua Comendador Rodrigo M. Barreto, à direita de caminho que bifurca a Lemede.
2. Geomorfologia: Aplanamento a Nascente da povoação.
Substrato rochoso: Margas e calcários margosos de Vale das Fontes em limite com areias de Arazede (f. 19A - 1: 50 000)
Hidrologia: Vala da Corga, tributária da vala da Fervença, corre a Sudoeste.
Cobertura vegetal: Zona de vinha, terras de cultivo e pequena mancha de pinhal na área da lagoa.
3. Em leira de vinha, recolhidos esparsos fragmentos de cerâmica escura, de pasta micácea, a torno, de cor escura, lasca de sílex róseo, não retocada. A escassez e fraca expressividade do registo arqueológico podem indiciar materiais trazidos pelos trabalhos agrícolas.
4. Museu da Pedra do Município de Cantanhede.
Marco das Mamoas
1. Monumento sob túmulos
Cronologia: Pré-História Recente
Topónimo: Coito; Lugar: Moreiras; Freguesia: Cadima
Coordenadas aproximadas: 40º 18' 10'' N/8º 39' 17'' W; Alt=80m; CMP: 218
Acessos: A partir da estrada que liga o Casal de Cadima à Laje, em caminho à esquerda na estrada do lugar das Moreiras, escassas centenas de metros.
2. Geomorfologia: No início vertente suave que, da cumeada do Marco da Mamoa, pende para Poente.(...)
Substrato rochoso: Margas calcárias de S. Gião.
Hidrologia: Linha de água denominada Cova da Raposa, subsidiária da vala dos Moinhos, que corre a Oeste.
Cobertura Vegetal: Pinhal; carvalhos; vinha; terra de cultivo.
3. Em área onde subsistem alguns exemplares de carvalhos, a escassos 70 metros à direita, em propriedade de José Marques de Macedo, do Casal de Cadima, é possível visualizar o que ainda resta da couraça dum monumento sob tumulus com o diâmetro de 8 metros no sentido N/S e de 6,5 metros no sentido E/W. A camada de pedras que indiciam a couraça eleva-se acima do solo cerca de 15/20 cm. A prospecção na área envolvente, em pinhal desmatado, não revelou qualquer espólio associado. Não se detectam sinais evidentes de outro qualquer monumento em toda a área. Ainda assim, levanta algumas dúvidas, apenas esclarecidas por eventual desmatação e sondagem, o relevo existente no ponto mais alto da zona e na área dos carvalhos, imediatamente contíguo ao caminho.
Mais afastado, para Sul e junto ao pequeno curso de água existente, em terreno de semeadura (40º 18' 05'' N e 8º 39' 22'' W), recolhemos um fragmento de sílex róseo de formato triangular e com retoque presumivelmente acidental bem como diversos fragmentos cerâmicos de cronologia medieval/moderna que poderão ter sido carregados pelos trabalhos agrícolas. A prospecção para Oeste, em área denominada Cova das Mamoas ou Cova da Raposa, não revelou qualquer ocorrência associada a monumentos sob tumulus. O facto do monumento se localizar em pinhal já velho, portanto, sujeito a abate, leva a que se tomem medidas tendentes a que, posterior remoção de terras por surriba, acabe por destruir o pouco que ainda resta.
4. Museu da Pedra do Município de Cantanhede.
5. INÉDITO; ENDOVÉLICO: CNS 18948.
Mato Pinto
1. Necrópole
Cronologia: Romanização
Topónimos: S. Gião; Lugar: Casal de Cadima; Freguesia: Cadima
Coordenadas: 40º 18' 41'' N/8º 37' 42'' W; Alt=110m; CMP:218
Acesso: Pela EN 335, ao quilómetro 39, por caminho carreteiro que leva ao depósito de água de S. Gião.
2. Geomorfologia: Vertente Noroeste, pouco inclinada, do relevo onde se implanta o marco geodésico e depois S. Gião.
Substrato rochoso: Margas calcárias de S. Gião.
Hidrologia: Área de nascentes de várias linhas de água que vão alimentar diversas valas.
Cobertura vegetal: Zona agrícola e de vinha.
3. Nos anos setenta, em propriedade de Joaquim Marques Murta, de Lemede, no local conhecido por Mato Pinto detectaram-se várias sepulturas de inumação delimitadas por lajes. Estes achados verificaram-se aquando de trablhos de preparação dos solos para o plantio de vinha. Em terrenos contíguos de António de Melo, do lugar do Casal, trabalhos de lavradio permitiram encontrar uma nova sepultura, delimitada por lajes ao alto e com cobertura também lajeada. (...) Nas prospecções efectuadas no local detectámos escassos fragmentos de cerâmica de construção, como lateres, muito fragmentados. O facto de, a cerca de 500 m para Oeste, se situar a estação arqueológica romana Sítio do Pelício, poderá indiciar estarmos perante algum anexo da referida villa. A presença de uma necrópole provavelmente medieval poderá, por seu turno, justificar o aparecimento dos materiais cerâmicos, trazidos da villa para compor estruturas, situação que, segundo Jorge Alarcão, se afigura bastante frequente naquele período.
4. Depósito do espólio: não recolhido.
5. INÉDITO; ENDOVÉLICO: CNS 18561.
Mazagão
1. Jazida; Povoado
Cronologia: Pré-História Antiga (Paleolítico Médio (?); Pré-História Recente (Neolítico)
Lugar: Aljuriça; Freguesia: Cadima
Coordenadas: 40º 19' 37'' N/8º 39' 48'' W; Alt=58m; CMP: 218
Acesso: Estrada (1029) que liga a povoação de Aljuriça à Ponte da Lapa e Taboeira. Após a azenha da Quinta do Cabadas, virar à esquerda, atravessando o curso de água e novamente à esquerda, por caminho entre pinhais.
2. Geomorfologia: Plataforma esquerda de curso de água subsidiário da vala dos Moinhos, em área defronte do moinho da Quinta do Cabadas, em vale agricultado.
Substrato rochoso: Areias da Gândara (f. 19A - 1:50 000).
Hidrologia: Vala dos Moinhos (vala da Corga), subsidiária da vala da Fervença, corre nas imediações.
Cobertura vegetal: Zona de pinhal e terras de regadio no vale.
3. Local de surriba com arranque de cepos, entre pinhais, pôs a descoberto material lítico associado a camada de surraipa, recoberta por areias finas. O material arqueológico é composto por utensílios sobre sílex e quartzito e por cerâmicas. Com todas as reservas que a investigação recomenda parece-nos identificar aqui duas ocupações. Uma da Pré-História Antiga, talvez do Paleolítico Médio e outra da Pré-História Recente. À ocupação mais antiga associamos um núcleo de tendência levallois; um raspador sobre lasca cortical; um buril (?) sobre lasca, com latão liso e um raspador sobre lasca.
À ocupação mais recente pertencem vários fragmentos de cerâmica manual, lisa. De entre eles destacamos um fragmento de bordo reentrante, de uma forma fechada, com lábio arredondado e asa de preensão vertical formada por duas protuberâncias plásticas. Este fragmento tem, igualmente, decoração impressa no início da pança. Trata-se de um fragmento de cerâmica manual, de pasta arenosa, grosseira, alisada, de cor bege e com cozedura redutora. Não se descarta a hipótese de alguns lamelas, assim como os três núcleos de lamelas poderem inserir-se nesta fase cronológico-cultural.
A jazida arqueológica poderá estar preservada nas áreas envolventes e ainda sujeitas aos trabalhos de abate dos pinhais e preparação da terra para novas culturas. Tal poderá acontecer muito brevemente, dado estarmos perante pinhais já resinados.
4. Museu da Pedra do Município de Cantanhede.
5. INÉDITO
Monte Salgado
1. Villa (?)
Cronologia: Romanização
Topónimos: Sapo; Lugar: Zambujal; Freguesia: Cadima
Coordenadas: 40º 17' 37'' N/8º 37' 48'' W; Alt=100m; CMP: 229
Acesso: À entrada para o Zambujal, vindo da estrada para Arazede, logo a seguir às fontes, toma-se caminho à direita. A estação localiza-se à esquerda, em limite da vinha com o pinhal, na zona mais elevada do cabeço.
2. Geomorfologia: Pequena elevação situada a SW da povoação do Zambujal; a NE do Cabeço da Arroteia e a Sul da Fonte Seca, em limite com o concelho de Montemor-o-Velho.
Substrato rochoso: Margas calcárias de S. Gião. O solo apresenta-se argiloso, amarelo-acastanhado, com calhaus rolados à superfície.
Hidrologia: Nascente que alimenta várias fontes e linhas de água.
Cobertura vegetal: Zona de vinha e pinhal.
3. Nos anos noventa, aquando de trabalhos de preparação das terras para utilização de vinha, detectaram-se fragmentos cerâmicos de época romana, bases de calcário, pedra de Ançã, entre outros elementos, que as máquinas agrícolas teriam desenterrado, testemunho recolhido de pessoa que presenciou os trabalhos de surriba. (...)
4. Museu da Pedra do Munícipio de Cantanhede (peso de tear gentilmente cedido por António J. Nunes Monteiro)
5. Diário de Coimbra, 18.08.1994; MARQUES 1994 II: 29; DADOS INÉDITOS; ENDOVÉLICO: CNS 20329.
Pelício
1. Villa
Cronologia: Romanização
Lugar: Casal de Cadima; Freguesia: Cadima
Coordenadas: 40º 18' 43'' N/8º 38' 04'' W; Alt=90 m; CMP: 218
Acesso: Desde o lugar de Casal, por caminho municipal ou por serventia particular.
2. Geomorfologia: Cabeço, a Nordeste do lugar de Casal de Cadima.
Substrato rochoso: Contacto entre as margas calcárias de S. Gião e os calcários margosos de Lemede.
Hidrologia: Escassas centenas de metros para Oeste da vala da Taboeira.
Cobertura vegetal: Terrenos agrícolas e de vinha.
3. A estação arqueológica ocupa grande parte de cabeço pouco pronunciado. Aquando da descoberta, através de informações orais e de prospecção, detectámos fragmentos de cerâmica de construção (lateres, imbrices e tegulae), de cerâmica doméstica comum e de escória de ferro, a demonstrar a práctica da metalurgia do ferro. Por informações orais sabemos que apareceu no local uma "grande pedra com letras", informação que ainda não foi possível confirmar. Teriam aparecido, também, mós, um anel de bronze e uma moeda romana, materiais a que não tivemos acesso. Observámos, no entanto, uma mó, pesos de tear e um almofariz de mármore que estão na posse de herdeiros do Sr. Manuel dos Santos Júnior. No Museu Municipal Dr. Santos Rocha da Figueira da Foz visualizámos, ainda, um peso de tear e fragmentos de tegula provenientes deste local. Proveniente desta estação é, também, um fragmento de ladrilho, com marca estampada figurando um cavalo. Esta estação encontra-se muito próxima da necrópole de Mato Pinto. Esta proximidade de estações, aparentemente do mesmo período cronológico, fazem-nos considerar a hipótese de estramos face a uma só estação arqueológica, uma villa com as suas diferentes áreas funcionais, sobranceira à vala da Taboeira e em zona de boas nascentes naturais.
4. Depósito de parte do espólio: Jacinto Carneiro e Manuel dos Santos Júnior (herdeiros); Museu Municipal Dr. Santos Rocha - Figueira da Foz; Museu da Pedra do Município de Cantanhede.
5. CRUZ 1983; ALARCÃO 1988b: 93, nº 3/73; ENDOVÉLICO: CNS 18562
S. Gião
1. Jazida
Cronologia: Indeterminada
Lugar: Cadima; Freguesia: Cadima
Coordenadas: 40º 18' 33'' N/8º 37' 44'' W; Alt=115 m; CMP: 218
Acessos: A partir da EN 335, a Sul de Lemede, rumo ao marco geodésico de S. Gião. Escassas duas centenas de metros, um cruzamento de caminhos, em olival à direita.
2. Geomorfologia: Plataforma Sudoeste do relevo de S. Gião.
Substrato rochoso: Margas e calcários margosos de Vale das Fontes (f. 19A-1:50 000).
Hidrologia: Linha de água tributária da vala da Taboeira, que corre a Sudoeste.
Cobertura vegetal: Terras de cultivo, com olival, entre pinhais e vinhas.
3. Em prospecção levada a cabo em trechos de terras de cultivo, a Oeste do depósito de água e marco geodésico, existiu registo para a ocorrência de materiais líticos de sílex. Destaque para lascas de debitagem, algumas pequenas lascas de talhes, uma raspadeira sobre lâmina e dejectos de talhe. Recolheu-se, também, um fragmento (base?) de cerâmica arenosa, muito grosseira, de cozedura redutora e de qualidade mediana.
4. Museu da Pedra do Município de Cantanhede.